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Coluna | Prosa Caipira & Cia
Sátiro dos Reis
conexaocaipira@bol.com.br
Jornalista e Filósofo caipira formado nas barrancas do Rio Verde, é contador de causo e gosta duma boa pescaria de beira de rio. Jura de pé junto que em vidas passadas já foi violeiro, peão boiadeiro e sanfoneiro nordestino. Atualmente cultiva abobrinhas, e outras sátiras a mais, no terreno fértil do humor descompromissado e da livre imaginação. * Preste atenção: qualquer semelhança com fatos ou pessoas pode não ser mera coincidência, hein!
 
Sai carrapato!
05/09/2006
 
Oceis sabi qui nóis tava pensanu um cadinho nas eleição e o cumpadre Hiláriu mi dissi quitá divertino muitu com o horário eleitorar, fiquei anssim meio cabrero, mais sabi quieli tá cubertinhu di razão. Tem qui vê as coisa du ladu positivu, si o Lulalá podi cuidá dus pobri, puirqui o Gerardu num podi cuidá dus rico e a Luizelena num pódi ficar revortada cum os dois. Alinhais, Cumpadre Irineu qui é muitu di fica observanu as coisa, dissi qui si pudessi dava di presenti pra Luizelena umas ropinha mais geitosa. Ieu dissi prele: tá cum dó leva ela pra casa, uai!

Ói procevê, Cumpadre Hiláriu contou qui seu fio Demétriu num tava indu bem na metemática na iscola. Diz qui fizero di tudo pro danadu meiorá, mais nada disso ajudô. Intão Cumadre Carmélia arresorveu por eli na escola dus padre lá pras banda di Campanha. E num adivê qui deu certo! O minino mudô cuma ligereza quinté pareceu milagri, só quiria estudá o tempo todo. Meidisconfiado Cumpadre Hiláriu chamo o dito cuju prum conversê: “E aí Demétriu, quiconteceu procê tá estudano qui nem um condenadu? Os padre fizeram arguma coisa procê?” E o Demétriu mais qui depressa tascô essa: “ Óia pai, desdo primero dia quandu oiei praquele homi pregado no sinar di mais, eu vi qui os padre num tavam lá pra brincá né, intão tratei di estudá né...”

Qui coisa maistranha, si é verdadi qui riqueza num trais felicidade, purcausdique us rico num dão um pouco prus pobri? Perguntei issu prá videnti Mãe Doninha, famosa lá pras banda di Treis Ponta, sabe oqui ela me arrespondeu assim di prontinho?: “Se dá resolvesse, não tinha mulher de programa infeliz”. Já qui tava conversandu cuma vidente, proveitei pra sabê dela o que 2006 inda nus reservava di bom, mais uma veiz ela foi curta e grossa: “ Ano nenhum reserva nada pra ninguém, se você não fizer por onde, vai ficá com a boca escancarada esperando a morte chegá". Oceis inté já percebeu em qui tôco fui amarrá minha mula, né? Mais, quem tá na chuva é pra se moiá né, proveitei e tasquei mais uma pergunta pra Mãe Doninha, que a repará pelu nomi era uma mandona mesmu: “ Será qui a senhora pode confirmá as estórias dua ET di Varginha?” Ela oiô bem pra mim e fuzilô: “ Eu não confirmo e nem desfirmo, eu sou vidente e tô vendo que você pode ir mudando de prosa”. Tudu bem né, já qui ela mando mudei di assuntu, perguntei si quem vai ganhá a eleição é o Lulalá ou o Arquimim. A Mãe Doninha deu uma suspirada, coçô as zoreia e arrespondeu: “Se quem ajuda os pobres empresta a Deus, você já sabe quem vai ganhar, né?”. Depois dessa fiquei aquerditanu qui quem espera sentado num dança. Nu quiela oiô pro arto cumo quem tava apercurandu o descrassificadu Prutão, ieu que num sô bobo nem nada cendi meu paiero e piquei a mula: “vá se mandona asim lá em Airuoca”.

Compadre Irineu tava mi contano qui o Marirdo, um caboclo afiadu lá di Cristina, encontrô uma lâmpaincantada di onde disqui saiu um gênio caipira qui foi logo dizendu: “ Ocê tem treis pedido prá fazê”. E o Marirdo, meio qui no tranco, foi logo pedino: “Uai, primero quero um pão di queju, adispois quero otro pão di queju e por úrtimo quero umamuié bem bunita”. O gênio meio qui cismadu aperguntô pro Marirdo: “Uai sô, purque ocê pidiu dois pão di queju e uma muié?” E o Marirdo meiu qui sem sabê o quê dizê, descascou essa: “ Ora, fiquei cum vergonha de pedi otro pão di queju, uai!!!”.

Num sei se oceis sabe, mainué só genti da roça qui aquerditá nas porpaganda da trevisão. Cadiquê óia o qui aconteceu com um tar di André, prestensão na carta, inté qui bem escrivinhada, que o mocorongo mandô pruma fábrica di desdoranti: “Oi, tenho 18 anos e tenho problemas com as mulheres. Tinha esperança de que usando o Axe, as mulheres viriam atrás de mim como nos comerciais, mas já passei o desodorante por todo o corpo e assim mesmo elas continuam fugindo de mim. Como devo usar o produto para que as mulheres venham atrás de mim?”. Depois de ouvir essa Compadre Irineu saiu-se com essa pérola da sabedoria caipira: “ Essi caipora deve fedê mais que gambá”.

Falá di política, oceis já prestôtenção que rico só pega na mão di pobre na hora di eleição. E agora purcausdiquê num pode mais dá boné, cestabasca, camisa de futebor e otras buginganga pra trocà o votu, eles tá que dá a mão procê. Pur otrô ladu, cumo diz o Cumpadre Irineu: “prometê eis inda podi né!” Diz qui um candidato a Deputado aqui na Varginha chegô lá pras banda da Varge e o Cumpadre Canarinhu foi logo perguntano sobre as rua du bairro. Sabe oqui o mequetrefe arrespondeu, assim na frente das criança e dusmai véio: “ Oceis vota em mim purque das véia nóis vai tapa os buraco e as nova nóis vai recapiá”. Cumadre Créia, que sabi capricha nus tempero, fico danada qui só, dissi que presse tarado num vai sobrá nem ossobuco, e voto que é bão, néca de pitibiriba.

Ce oceis gostarô num sei, eu já tô gostano muito, manda um emeio pra nóis ou prô Yorkuti, qui eu tô pegano o bornar, unspão cum salame, mais o molineti(nóis ta modernu, hein!) e ino gorinha mesmo prá Pondusbueno pescá umas piaba. Sai carrapato! Sô brasileiro, uai! Nóis vota manóis xinga. Tempocabô!

 
 
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